Prefeitura registra mais de 31 mil reclamações sobre calçadas do Rio em 2 anos
02/09/2025
(Foto: Reprodução) Prefeitura do Rio recebeu quase 32 mil denúncias sobre calçadas em 2 anos
Entre julho de 2023 e agosto de 2025, o 1746, canal de atendimento da prefeitura, recebeu mais de 31 mil chamados só sobre problemas nas calçadas da cidade.
Esse ano, os bairros com mais denúncias são:
Tijuca
Copacabana
Centro
Campo Grande
Madureira
Moradores do bairro Barro Vermelho, em Colégio, na Zona Norte, precisam ter habilidade para passar pelas calçadas desniveladas, com buracos e direito até a raiz de árvore.
"Se eu viro o pé aqui, já era né? Toda vez que eu venho na casa da minha filha, sempre venho pela beira da rua", diz Selma Abiá, aposentada.
"Eu já tropecei várias vezes em buracos", relatou dona Amélia Colares.
Para o casal Francisca e José Roberto, o desafio é ainda maior: José Roberto tem deficiência visual e precisa ser amparado pela mulher para andar na calçada.
"Acessibilidade zero. As calçadas botam em risco a nossa vida", relatou José Roberto da Silva.
Calçada com árvore tomando a maior parte na rua Goiânia, no Andaraí
Reprodução/TV Globo
Na rua Goiânia, no Andaraí, o concreto solto já fez muita gente cair. "Eu uma vez caí, escorreguei. Aí tem que ir para o meio da rua, tem que esperar o carro passar"
Na rua da Matriz, em Botafogo, amendoeiras ocupam boa tarde da calçada e fazem com que os pedestres tenham que esperar a passagem de grupos maiores para conseguir continuar.
"Quando tem mais de uma pessoa tem que parar e quando tem um grupo de alunos, às vezes tem que esperar dois, três passarem porque não tem espaço adequado para passar", afirmou o pastor Luiz Carlos Santos.
"É um obstáculo. Isso se tornou um obstáculo", definiu o pesquisador Éder Ramos de Oliveira.
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Responsabilidade dividida
Calçada no Metrô São Francisco Xavier, na Tijuca
Reprodução/TV Globo
Mas de quem é a responsabilidade? Segundo o código de posturas do município do Rio, a resposta depende de onde a calçada está localizada.
Na porta das casas e estabelecimentos, a responsabilidade é do dono, que deve respeitar os padrões técnicos definidos pelo município.
Já nos locais públicos como praças, escolas e hospitais, a prefeitura é a responsável, e cabe a ela também garantir que cada um faça a sua parte.
Mas a fiscalização esbarra na grande quantidade de normas. Um estudo da comissão de assuntos urbanos da câmara do rio identificou cerca de 20 atos normativos com diferentes regras para fiscalizar calçadas.
O vereador Pedro Duarte (Novo), presidente da comissão de assuntos urbanos da Câmara do Rio, que fará uma audiência pública sobre o assunto na próxima quinta-feira (4).
“Cada norma fala uma coisa. Até quem vai fazer um novo empreendimento não sabe exatamente como deve fazer a calçada e acaba fazendo do jeito que prefere. Então é muito comum nos andarmos pela rua e encontrarmos diferentes tipos de calçadas em 100 metros”, explicou o vereador Pedro Duarte (Novo), presidente da comissão de assuntos urbanos da Câmara do Rio, que fará uma audiência pública sobre o assunto na próxima quinta-feira (4).
“Acaba que ninguém nunca parou para consolidar as leis e resoluções sobre como nós devemos fazer as calçadas na nossa cidade. Então foi acumulando desde a década de 80, 90, anos 2000. E é exatamente esse esforço de padronizar que estamos fazendo agora”
Notas
A Secretaria de Conservação informou que incluiu 44 quilômetros de calçadas e 10 quilômetros de rotas de acessibilidade no planejamento estratégico e na lei orçamentária até 2028.
Segundo a secretaria, esses projetos serão licitados em setembro.
A pasta foi questionada também sobre a reclamação da moradora que não conseguiu a remoção da árvore e sobre a fiscalização das calçadas particulares, mas não enviou resposta.